As (minhas) tensões de meus escritos

Uma pequena (auto)justificativa desnecessária sobre o porquê escrevo

maykelnazare
2 min readMay 9, 2020

Escrever tem sido reflexo de meu pensar. Uma válvula de escape para os anseios que tomam o meu coração e um leve sopro para as realidades que meus olhos têm alcançado. Tenho usado esse espaço para dar vazão a algumas pequenas brisas ou pequenas pesquisas, ou vice-versa.

Chamo de pequenas pesquisas porque segundo a academia ainda não posso ser considerado um pesquisador. Não tenho titulação para isso e por conta de caminhos da vida — também conhecido como manutenção de emprego — esse plano foi deixado pro futuro. Também não quero me dizer um intelectual pelo mesmo motivo: me falta “patente acadêmica” para dito. Dia desses ouvi o Prof. Sílvio de Almeida dizer que para ser um intelectual não é preciso estar na academia, mas talvez eu queira poupar explicações de que ser “intelectual” nada mais é do que trabalhar com o intelecto — e não ser um arrogante que despeja informações por aí. É só trabalho mesmo. E desgastante. Enfim… Acho que entenderam.

Nomeio também como pequenas brisas porque traduzir essas pesquisas e aprofundamentos em uma linguagem popular (na medida do possível) e em narrativa que seja “gostosa” de se ler é um baita desafio! (Gostosa está entre aspas porque, não poucas vezes, é apenas tragável mesmo). Diante das realidades que vivemos é preciso soprar uma brisa nesse sol escaldante de cotidiano que sentimos na pele. Hoje tenho algumas responsabilidades que não tinha ontem e amanhã terei algumas que não tenho hoje. Sem uma brisa viver seria insuportável. Sem as questões da minha cabeça não saberia distinguir se estaria vivo.

Tento traduzir agora, através dos meus dedos, o que poderia traduzir em canção e poesia através da minha voz, por exemplo. A música também me acompanha nesses caminhos.

Sou um tanto racional. Só posso escrever sobre lugares onde meus pés pisaram. A grande tensão é que meus pés pisaram a utopia.

Sou outro tanto sonhador. Escrevo porque imagino um amanhã vivente. Mas a tensão é que meus amanhãs são tocados pelo hoje.

Escrevo para que a realidade não me roube a poética. Para que minha própria razão não se esqueça de como é o sonhar.

Sentir-se livre. Saber-se liberto.

Escrever, para mim, é um ato de resistência.

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